Mais um ano se passou e outro se inicia. Quanta coisa mudou em apenas 365 dias. Mas, na verdade, sinto saudades não do ano que se encerrou, mas de um tempo que passou e que nem sequer vivi nele.
Falo de um Brasil, e de um Rio de Janeiro que não voltam mais. Sinto falta de Getúlio Vargas, da Radio Nacional, dos Cinemas da Cinelândia, do Maracanã lotado com 200 mil pessoas, da Livraria da Travessa como nos velhos tempos, da Confeitaria Colombo, do Bondinho cortando os bairros da cidade, dos homens elegantes vestindo seus ternos e as mulheres com seus vestidos longos, do Mustang 1966, de Ary Barroso, Mário Filho e Nelson Rodrigues, do Flamengo sem o aterro, das favelas sem o crack, do Palácio do Catete como centro político, o Expresso da vitória de Flávio Costa, das praias sem a poluição dos dias atuais. E o Palácio Monroe que falta nós faz, projetado pelo General Francisco Souza Aguiar para a Exposição Internacional de Saint Louis em 1904.
Como eu queria voltar no tempo e deixar de lado toda a modernidade do século XXI, como a internet, o telefone celular, a televisão e de tudo que muitas vezes acaba por desagregar ao invés de integrar.
Sou pretencioso e quero mais, quero sentar num barzinho na Lapa sem me preocupar com o amanhã. Quero as feiras livres com frutas e legumes de primeira e a um preço justo.
Sou pretencioso e quero mais, quero sentar num barzinho na Lapa sem me preocupar com o amanhã. Quero as feiras livres com frutas e legumes de primeira e a um preço justo.
Esquecer dos carros modernos que tiram por completo o prazer de dirigir, de sentir o motor pedir a marcha.
Por fim, esquecer a falta de comprometimento com a coisa pública, tão em voga pelos atuais governantes.
Quero o Rio da Copa de 1950 e não da de 2014. Quero o Bangu e o América disputando a final do campeonato carioca novamente.
Quero as festas juninas nas praças com fogueira e quentão, quero rosca de reis no dia 06/01, quero um carnaval de rua em blocos alegres e não um sambódromo mecanizado e marcado pelo luxo dos patrocínios. Quero mais, quero pegar doce em dia de Cosme e Damião sem os perigos do Dia a Dia. Quero pegar o trêm na Central do Brasil e ir para o Vale do Paraíba.
Como eu gostaria de ter um relógio e mudar o tempo, impedir JK de levar a Capital para Brasília a um custo pago por nós até os dias de hoje.
Como eu gostaria de ter um relógio e mudar o tempo, impedir JK de levar a Capital para Brasília a um custo pago por nós até os dias de hoje.
Saudades e mais saudades e para por fim, nada como a música Rio Antigo do brilhante Chico Anysio, e imortalizada pela voz da marron Alcione.
Quero um bate-papo na esquina
Eu quero o Rio antigo
Com crianças na calçada
Brincando sem perigo
Sem metrô e sem frescão
O ontem no amanhã
Eu que pego o bonde 12 de Ipanema
Pra ver o Oscarito e o Grande Otelo no cinema
Domingo no Rian
Me deixa eu querer mais, mais paz
Eu quero o Rio antigo
Com crianças na calçada
Brincando sem perigo
Sem metrô e sem frescão
O ontem no amanhã
Eu que pego o bonde 12 de Ipanema
Pra ver o Oscarito e o Grande Otelo no cinema
Domingo no Rian
Me deixa eu querer mais, mais paz
Um pregão de garrafeiro
Zizinho no gramado
Eu quero um samba sincopado
Taioba, bagageiro
E o desafinado que o Jobim sacou
Quero o programa de calouros
Com Ary Barroso
O Lamartine me ensinando
Um lá, lá, lá, lá, lá, gostoso
Quero o Café Nice
De onde o samba vem
Quero a Cinelândia estreando "E o Vento Levou"
Um velho samba do Ataulfo
Que ninguém jamais gravou
PRK 30 que valia 100
Como nos velhos tempos
Zizinho no gramado
Eu quero um samba sincopado
Taioba, bagageiro
E o desafinado que o Jobim sacou
Quero o programa de calouros
Com Ary Barroso
O Lamartine me ensinando
Um lá, lá, lá, lá, lá, gostoso
Quero o Café Nice
De onde o samba vem
Quero a Cinelândia estreando "E o Vento Levou"
Um velho samba do Ataulfo
Que ninguém jamais gravou
PRK 30 que valia 100
Como nos velhos tempos
Um carnaval com serpentinas
Eu quero a Copa Roca de Brasil e Argentina
Os Anjos do Inferno, 4 Ases e Um Coringa
Eu quero, eu quero porque é bom
É que pego no meu rádio uma novela
Depois eu vou à Lapa, faço um lanche no Capela
Mais tarde eu e ela, pros lados do Hotel Leblon
Um som de fossa da DoloresEu quero a Copa Roca de Brasil e Argentina
Os Anjos do Inferno, 4 Ases e Um Coringa
Eu quero, eu quero porque é bom
É que pego no meu rádio uma novela
Depois eu vou à Lapa, faço um lanche no Capela
Mais tarde eu e ela, pros lados do Hotel Leblon
Uma valsa do Orestes, zum-zum-zum dos Cafajestes
Um bife lá no Lamas
Cidade sem Aterro, como Deus criou
Quero o chá dançante lá no clube
Com Waldir Calmon
Trio de Ouro com a Dalva
Estrela Dalva do Brasil
Quero o Sérgio Porto
E o seu bom humor
Eu quero ver o show do Walter Pinto
Com mulheres mil
O Rio aceso em lampiões
E violões que quem não viu
Não pode entender
O que é paz e amor